28 de Junho de 2014 - De Ponte de Sor ao Torrão (Alcácer do Sal) a nossa 5ª e penúltima etapa.
Voltámos a sair cedinho... um frio ui ui....
Deixámos a residencial ao nascer do sol e regressámos à EN2 que passa ligeiramente ao lado de Ponte de Sor.
A residencial não fica longe, pois o centro de Ponte de Sor fica no mínimo a 2km da EN2.
Sinceramente não gostei da terra, talvez influenciando pela forma como fomos recebidos nos Bombeiros.
À parte disso, a residencial é boa e o convívio com os geocacher locais no evento também foi impecável.
Tinhamos um primeira cache logo ali a meia dúzia de quilómetros. Foi a primeira do dia que apareceu depois de postas de parte as opções que a "dica" nos dava. Esquecemos a dica e ... pimba. Foi a cache " A casa dos cantoneiros - Tramaga II - GC34HQ3". Um spot verdadeiramente merecedor de uma cache. Momentos antes tinhamos tomado o pequeno almoço num café junto à estrada na Tramaga. Quando estavamos quase de abalada diz um outro cliente que ia entrar no seu carro mais a sua familia: "De Chaves? E vão pra Faro? Gandas maluks.... eu também vou pra Faro."
Concerteza chegou primeiro....
Uns quilómetros mais à frente deu-me sede...... mas o melhor é começar a história pelo início.
Ao sair da residencial em Ponte de Sor, como era muito cedo deram-nos a indicação para colocar as chaves (quarto, porta principal e garagem das bikes) num local próprio no balcao da recepção.
Depois de termos colocado todos os nossos haveres na rua assim fizemos.
Quando ultimo os preparativos para arrancar viagem reparo que não tenho o barril da água. Tinha ficado no quarto.... e agora? Alentejo, 130km, verão e sem água.... nao podia ser.
Pergunto ao Luis:
"- Luis, por acaso tem alguma garrafa de água das pequenas aí no carro?"
"- Toma esta que está dentro da caixa de cartão que até foste tu que trouxeste!" Respondeu ele.
Não dei muita importância ao "...até foste tu que trouxeste". Peguei nela, coloquei-a no bolso do jersey e toca a andar.
Voltando então ao início, uns quilómetros mais à frente deu-me sede e pensei para comigo, que sorte estar esta garrafinha no carro mesmo à minha espera.
Mando uma golada a sério na garrafa, aquela primeira golada quando estamos mesmo com sede. Ao engolir e iniciar a segunda golada devo ter mudado de cor três vezes.
Era Aguardente de Figo que tinha preparado para oferecermos aos bombeiros que estavam de piquet nos quarteis onde pernotariamos juntamente com o Folar de Olhão oferecido pelo nosso amigo Hugo Rosa com o nome de guerra no geocaching "Baketas".
Os folares foram oferecidos mas da aguardente nunca mais me lembrei. Ia "morrendo" e ainda hoje estou admirado como não caí da bicicleta pois ia a pedalar sem as mãos no guiador para poder abrir a garrafa. Começava bem o dia...
A água não era de todo o ano, era ardente mesmo.
Mais preocupado em arranjar água lá fomos andando pela EN2 e encontrámos o primeiro marco com um número engraçado, o km 444.
Estavamos então a circular na zona da barragem de Montargil onde ainda fizemos umas quantas caches, muitas delas a contar para a badges.
Passando da barragem seguia-se uma outra cache que contava para a badges. Está situada mesmo na entrada do distrito de Évora e chama-se "O Trilho TT (2) - GC3VCDK"
Como o dia estava a correr bem com a história da aguardente, aqui ainda passou a correr melhor.... DNF! A cache não estava lá.
Encontrámos o "ninho" mas nada de cache... nem vestigios. Ainda por cima é uma cache da badges, logo o nosso segundo DNF para o grande objetivo.
Nada a fazer, siga viagem.
Praticamente a entrar em Mora vemos esta estrutura no meio de um terreno. Parecia uma ponte. Parecia e era.
A ponte velha, como é conhecida, tem uma cache dedicada. Também aqui o geocaching a fazer o eu papel cultural e de guia turistico. Não fosse o geocaching e jamais imaginaria o porquê daquela ponte ali no meio do nada. A cache é a "Ponte Velha - Mora - GC1XEGB" e na sua listing pode-se ler a história e o porquê da ponte estar ali.
Entrámos em Mora apesar da EN2 lhe passar ao lado. Fomos tentar fazer umas caches por lá e fui em busca de uma loja de bicicletas para comprar um barril para a água e para comer qualquer coisa pois o gosto a aguardente de figo mantinha-se impregnado nas guélas.
Casa de bicicletas havia uma mas era sábado e estava fechada. Solução? CHINÊS.....
Entrei num chinês e lá encontrei um daqueles bebedouros para crianças com palhinha e tudo. Era o que mais se assemelhava a um barril de bicicleta e até cabia na grelha (suporte do barril no quadro da bike). Fiquei desenrascado.... ufaaa!
A cache da badges que se seguia era a Multi de Brotas. Uma terrinha junto à EN2 muito simpática e com umas subidas que nos vos conto. Eu e o Jerónimo subimos uma empredada a seixo redondo que fazia mesmo lembrar a última subida de Ronda (Espanha). Que empeno.
Lá conseguimos chegar às coordenadas finais da Multi e pelo meio fizemos também a tradicional que por lá ha. Ficou a Letterbox por fazer, pois segundo os relatos não seria muito, ou nada, aconselhada a fazer com sapatos de ciclismo.
Já a chegar a hora do almoço ainda fomos tentar uma outra cache que se nos cruzava pelo caminho. Apesar de ser algo distante da EN2 e de não contar para a badges, esta era uma cache que vinha planeada e que contavamos fazer. Se a fizessemos contariamos com mais um concelho nas nossas listagens.
E assim foi, metemos mão à obra, ou melhor pés ao caminho que também não era o mais indicado para o calçado que tinhamos. Depois de algum esforço e um pouco de escalada lá a conseguimos logar. Era a " Barragem Ribeira da Fanica - GC39JQ1".
Voltando à bicicleta foi regressar à EN2 onde o caminho de ida e volta a esta cache é de terra batida.
Entrávamos no Ciborro. Uma subida daquelas.
O Luis já lá estava em busca de um local para almoçar. Quando vou passando frente a um café vejo uma série de BTTs enconstadas na esplanada e uma enorme algazarra de malta às "mines".
Perguntaram: "Pra onde vai amigo?"
Ao que respondi: "Faro, bora!" e fui andando.
O Jerónimo vinha um pouco mais atrás e também meteram conversa. Ele parou.
Olhei para trás vi-o no meu da algazarra e... que chatice, também tive que para lá ir.
O Luis reparou que voltámos para trás e veio ter connosco. Foram logo umas "mines" de oferta e muita conversa a quererem saber tudo sobre nós.
Era um grupo e amigos de Lavre que se juntam todos os anos para este seu passeio de BTT e que por sorte encontrámos no Ciborro.
Convidaram-nos para almoçar com eles. Era feijoada, mas o problema é que segundo eles só nos despachariamos lá para as 18h ou 19h e isso não podia ser.
Eles abalaram e nós apreveitámos e ficámos a almoçar.
É nesta paragem que conhecemos o Tony (António Nunes). Uma figura impar que muito nos agradou com a sua companhia enquanto almoçavamos.
Contei-lhe a história da aguardente ao que ele me diz: "Há pouco tempo passaram aqui as corridas da Volta ao Alentejo e eu apanhei um barril que os corredores deitaram fora. Vou a casa já volto".
Foi, voltou e ofereceu-me um barril para substituir o que tinha comprado no Chinês em Mora. Em troca ofereci-lhe a garrafa de aguardadente que quase me havia "matado" logo pela manhã.
Ficam duas fotos tiradas com o Tony. Muito obrigado Tony e que nos voltemos a cruzar um dia destes algures por aí.
Fazia-se tarde e tinhamos que chegar ao Torrão. Saimos do café e apontámos logo a uma cache que havia ali numa ruazinha atrás da EN2. A rua parece aquelas ruas dos filmes americanos que sobem e descem vezes sem conta, mas da cache nada..... DNF.
De volta à EN2 encontrámos o marco dos 500km... pensei: "Porra já andámos 500km..." e sem contar com os inúmeros desvios para cachar.
Do Ciborro a Montemor-o-Novo e apesar de ser quase sempre a subir fui uma pulinho. Fizemos algumas caches nomeadamente as da badges. A da Estação da CP eu já a tinha feito há uns anos numa passagem rápida, mas o Jerónimo e o Luis foram tratar-lhe da saúde.
Gostei das rotundas das Chaves. Coisa gira.
Antes de chegar ao Escoural iniciámos uma descida daquelas.... quase 70km/h marcavam os velocimentros das BTTs. Que descida alucinante.
Entravamos então no Escoural ou Santiago do Escoural como sempre ouvira o "Ti Ferreira" dizer.
É a segunda vez que passo aqui, uma de moto num regresso a casa depois da concentração de motas de Góis e esta de bicicleta.
Esta segunda vez deixou-me um sabor mais amargo na boca. Na primeira tirei uma foto com a moto para mostrar ao "Ti Ferreira", nesta segunda também tirei a foto mas apenas com o "Ti Ferreira" na memória. Que Deus o tenha... remeto para um post onde falei deste saudoso amigo
-AQUI-
TInhamos uma Multi cache para fazer em Casa Branca mas estava a fazer-se tarde e não era prioritária. Prioritária era a Multi de Alcáçovas pois apesar de não fazer parte da badges (não sei porquê) marcava-nos o Concelho de Viana do Alentejo.
Lá fomos a caminho dela e depois de feita congratulámo-nos por termos abdicádo da Multi de Casa Branca. Foi um empeno daqueles mas valeu bem a pena.
De volta à EN2 encontrámos um marco parecido com o da manhã. O da manhã era km 444 e este era o km 555, ou seja, 111km já pedalados entre eles sem contar com os anteriores, com os posteriores (deste mesmo dia) e com os desvios para as caches.
Foto para não variar.
Um pouco mais à frente na divisão de distritos, um marco esquisito, do lado contrário da estrada e com umas enumerações estranhas. Fica a foto, pode ser que alguém saiba de que se trata.
Antes de chegar ao Torrão ainda fizémos duas caches ali pertinho e terminámos com a subida da ribeira para a igreja do Torrão. Procurámos pelos BVs e terminámos a penultima etapa.
Apresentámo-nos e vieram receber-nos dois bombeiros. O Adjunto de Comando André Carvalho e o Bomb 1ª Ricardo Pereira que não fixei o seu cargo na instituição ao qual peço desculpa.
Fomos recebidos como não esperavamos. A simpatia, o "à vontade" com que nos puseram, tudo... fomos extremamente bem recebidos.
O Adjunto de Comando André Carvalho, mostrou-nos ainda os veiculos de socorro, camiões, equipamentos e o ginásio onde treinava quando o fomos interromper com a nossa chegada.
Entregámos as nossas lembranças e fizeram questão de nos brindar com umas lembranças dos "Mistos do Torrão".
Não descurando de forma alguma os outros locais onde nos receberam, devo dizer que o Torrão elevou bastante a fasquia.
Por aqui também se vê quando as coisas são feitas com vontade. As camaratas estavam lotadas de bombeiros pois nesta altura do ano está em permanência uma ECIN. Ainda assim, não só não recusaram ajudar-nos como se deram ao trabalho de remover a mobilia da sala de formação e instalar uns colchões com cama feita para que não nos faltasse nada. E não faltou!
Depois de conhecermos as instalações e banho tomado fomos em busca do jantar num restaurante bem conhecido pelos amantes das bicicletas.
O evento era no bar dos bombeiros e neste então é que não apareceu mesmo ninguém excepto nós três. O Ricardo viu-nos no bar e foi ter connosco e ainda trocámos dois dedos de conversas bem agradáveis.
Muito obrigado por tudo, Bombeiros do Torrão!